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Cartas para julho – Dia 1 e 2

Por Gabriela Motta Querido julho, As vezes a gente tem que fazer as coisas mesmo com medo. Na verdade, GERALMENTE a gente tem que fazer as coisas apesar do medo, especialmente se você é meio cagona e desconfiada de tudo. Sabe, as vezes eu ainda tenho medo de levantar da cama pra ir ao banheiro de manhã, medo de ter que fazer a escolha de sair do quarto e fazer alguma coisa com meu dia ou voltar pra cama “por mais 15 minutinhos” pelas próximas 3 horas. Então a gente vai vivendo… apesar do medo, mas com ele bem ali, constantemente presente. Conforme o tempo passa, começamos a ter medos maiores de coisas maiores e maiores. E a sensação é de estar sempre piorando, como é possível? O tempo passa e eu só me percebo mais assustada por mais coisas, mais importantes, maiores. Mas nós continuamos, MESMO com medo, de novo e de novo e de novo. Eventualmente a gente percebe que agora, mesmo que as vezes ainda sinta aquele medo de levantar da cama …

A Quebrada tem voz…

Foi lançado no último dia 18 de janeiro de 2023 no Canal do Youtube o Podcast – Taí, Gostei! Projeto idealizado por Dodô Amparado – ex-jogador de futebol profissional na Suíça, empresário e ativista social e seu grande amigo Wlad – Comunicador. Ambos filhos do bairro da Pedreira – periferia da Zona Sul de São Paulo. O Podcast nasceu de um grande sonho dos dois amigos de darem vozes as pessoas da periferia, mostrar os talentos, as dificuldades que passam  e apresentar todo valor que eles têm, dessa forma tratam de temas como Religião, Racismo, Intolerância Religiosa, Insegurança Alimentar, Música, Política, Juventude e etc. O Canal está disponível no Youtube em pleno funcionamento, apenas esperando que vocês assistam aos programas, curtam, compartilhem, inscrevam-se no canal e ajude a periferia se fortalecer naquilo que ela tem de melhor – muito talento no que faz e bravura. Taí Gostei – Ouça e Assista

Aos invisíveis

Há um romance adolescente fantástico do escritor Stephen Chobosky, chamado “As vantagens de ser invisível”, que relata o problema de um jovem perante ao mundo e ao seu amadurecimento. Ser invisível, é passar pela vida sem ser notado, não ter a noção de “pertencimento” e também não querer fazer parte dele, ou seja, manter à distância. Entretanto, em tempos de crises sociais na qual estamos vivendo, temos testemunhado milhares de pessoas invisíveis, só que desta vez, elas aparecem nas ruas vendendo balas ou água nos faróis, estão morrendo nas filas ou nas UTIs dos hospitais e ninguém às vêem. Estes dias, um senhor aparentando uns 50 anos se aproxima do meu carro e despeja um liquido com água e sabão. Em menos de um minutos enxugou e veio até a mim pedir uns trocados. Nâo tinha. Duas quadras depois, ao parar em um outro semáforo, uma menina, aparentando uns 14 anos, aparece correndo entre os carros e coloca dois pacotinhos de balas de hortelã por R$ 2. Não tinha o que dar a ela e …

“Ele não é pesado! É meu irmão.”

A famosa canção He Ain’t Heavy, He’s My Brother (gravada por diversos cantores como, por exemplo, The Hollies e Neil Diamond) tem várias teorias sobre a inspiração desta bela composição. Uma delas relata que nasceu de uma história na guerra do Vietnã, quando um jornalista viu um garoto de 10 anos carregando um menino de uns 4 anos nas costas . E ele perguntou se não era muito peso pra ele, já que estavam fugindo de um bombardeio, e a resposta do garoto foi : Ele não é um peso , é meu irmão . Uma outra versão desta inspiração, conta-se que esta música está na seguinte história: certa noite em que caia uma neve muito intensa em Washington, alguém bateu à porta da sede de um orfanato. Ao abrir a porta, o padre se deparou com dois meninos cobertos de neve. O maior trazia em suas costas o outro menino, mais novo. Com poucas roupas e rostos bem debilitado pelo frio e fome,, o padre os convidou a entrar, exclamando: “Ele deve ser muito …

As balas do farol

Com milhares de pessoas desempregadas, há cada vez mais gente trabalhando no mercado informal. Há ainda o aumento daquelas pessoas que vendem balas no farol, recarregador de baterias de telefones celular e crianças que são utilizadas pelos pais para ganharem trocados lavando os vidros do carro nos sinais. Agora estão surgindo uma nova leva de pessoas que ganham alguns trocados: são os malabaristas e mágicos, que durante um minuto alegram os motoristas e recebem um dinheirinho e transformam os principais semáforos da cidade em um verdadeiro ponto comercial. O lado negativo são as crianças que são exploradas nestes locais revelando à sociedade que a política social falhou em todos os aspectos, no âmbito federal, estadual e municipal. Quando uma criança bate nos vidros fechados de nossos carros, apenas balançamos a cabeça dizendo que não temos nada, no máximo, procuramos algumas moedinhas e damos as crianças. Mas também poderíamos, como sociedade exigir mais de nossos governantes por uma educação transformadora a começar com a escola que deveria acolher esta criança, pois nestes tempos de crise a …